Exposição “Criaturas Marinhas: A Transfiguração dos Oceanos”
A Pró-Reitoria de Extensão (PRAE) da UFRPE apresenta a Exposição Fotográfica: “Criaturas Marinhas: A Transfiguração dos Oceanos".
As fotografias do Artista Eládio Ferreira que estarão expostas no hall da PRAE, no mês de abril, apresentam o lixo de uma maneira diferente e por meio de um QR Code pode-se visualizar na rede (Net), vídeos relaciondos ao tema.
Visitação gratuita, das 08 às 17h.
Exposição “Criaturas Marinhas: A Transfiguração dos Oceanos”
A Arte pode servir a vários propósitos. Pode dialogar com questões puramente metafísicas, abordar problemas sociais latentes numa comunidade, refletir sobre si mesma num exercício hermético de “Arte pela Arte”, decompor as formas, subverter as estruturas narrativas, enfim, manifestar-se de infinitas maneiras sob o escrutínio minucioso do artista. Contudo, no fim das contas, toda produção artística que se preze terá como pano de fundo a condição humana e seus desdobramentos intermináveis na construção daquilo que chamamos de “realidade”.
Na exposição “Criaturas Marinhas: A Transfiguração dos Oceanos”, Eládio Ferreira faz da sustentabilidade seu campo de batalha. Sua fauna imaginária, plasmada em imagens que equilibram simplicidade, delicadeza e força estética, denuncia uma relação desintegrada entre o Ser Humano e a Natureza – que mais do que o circundar, constitui-no. Produtos do delírio humano do consumo irrefreado, as criaturas marinhas transfiguradas representam a negação inconsequente de uma conexão com o que é natural e o cínico enfrentamento de uma das facetas mais banais dessa negação: o lixo da praia. No primeiro olhar, as imagens nos expõem ao conflito entre o familiar e o absurdo: animais marinhos conhecidos, comuns até, formados pelo lixo gerado por nossa presença na Terra que silenciosamente vem alterando os mares. Este estranhamento imediatamente nos leva ao desconforto de repensar que papel desempenhamos na poluição do mundo: do básico “separar o lixo em casa”, passando pelo “Eu preciso realmente comprar esta Coisa?” ao “Que sociedade é necessária para mudarmos o rumo dos fatos?”. Até que chegamos numa espécie de transe artístico gerado pela apreciação das fotografias e do trabalho artesanal das criaturas enquanto obra.
Toda esta viagem percorrida num só instante, desencadeada pelo contado do olho do espectador com o objeto artístico. Cobrindo um território tão vasto nesta exposição, as obras de Eládio Ferreira reafirmam o propósito transcendente da Arte e de quebra lhe conferem uma dimensão socioambiental tão firme e não-panfletária a ponto de se tornarem urgentes. Neste mundo de distrações que seduzem, banalidades que sequestram e modismos que embaraçam, o que mais poderíamos desejar da Arte?
Bruno Vitorino
Compositor e crítico cultural
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